A 11ª Regra de Fé declara: "Pretendemos o privilégio de adorar a Deus Todo-Poderoso de acordo com os ditames de nossa própria consciência; e concedemos a todos os homens o mesmo privilégio, deixando-os adorar como, onde ou o que desejarem".
Neste espírito, o líder máximo da Igreja que represento, Thomas S. Monson, afirmou numa conferência em Abril de 2008: Gostaria de encorajar os membros da minha Igreja onde quer que vivam que demonstrem gentileza e respeito por todas as pessoas. O mundo no qual vivemos está cheio de diversidade. Podemos e devemos demonstrar respeito para com aqueles cujos ensinamentos diferem dos nossos.”
Enfatizando o amor de Deus por todos as pessoas e não apenas para os crentes de uma dada religião ou credo, o 2º Conselheiro da Primeira Presidência, Dieter F.Uchtdorf afirmou: “ Honramos e respeitamos as pessoas sinceras de todas as religiões, não importa onde ou quando viveram, que aprenderam a amar a Deus… Levantamos as nossas vozes em gratidão pelo seu amor abnegado e coragem. Consideramos que somos seus irmãos e irmãs, todos filhos e filhas de nosso Pai que está nos céus. Ele ouve as orações dos humildes e sinceros de cada nação, língua e povo. Ele dá luz aos que o buscam e o honram e que estão dispostos a obedecer aos seus mandamentos”.
O falecido Bispo Luterano Emérito de Estocolmo e professor em Harvard Krister Stendahl, estabeleceu três regras para a compreensão e o diálogo inter-religioso:
- Quando estamos a tentar entender outra religião, devemos obter a resposta junto de um aderente ou fiel dessa religião e não de um dos seus inimigos;
- Não comparemos aquilo em que somos ou que fazemos melhor com o que os outros têm de pior;
- Deixemos que haja um “inveja sadia” ao encontrarmos aspectos noutras fés que gostaríamos de copiar ou imitar;
Estes princípios promovem o relacionamento e a compreensão entre as religiões que por sua vez estabelecem uma base de confiança para se empreenderam esforços de ajuda e auxílio aos necessitados.
As necessidades físicas e espirituais do mundo em que vivemos requerem boa-vontade e cooperação entre diferentes fés. Cada uma delas aporta uma contribuição valiosa a uma comunidade mais alargada de pessoas, crentes ou não. Um dos primeiros responsáveis da Igreja, Orson Whitney dizia: “Deus está a usar mais do que um povo para realizar a grande e maravilhosa obra. Não podemos fazê-lo em solitário. É demasiado vasto e imensamente árduo para ser feito só por uma comunidade ou povo.”
Por esta razão, os membros da Igreja não vêem os crentes de outras confissões que estão espalhados por todo o mundo como adversários ou concorrentes, mas como parceiros em muitas causas comuns para se fazer o bem em todo o mundo.
Nos últimos os esforços de ajuda humanitária da Igreja no Haiti, na América do Sul, no Japão e em África, por exemplo têm sido realizados por nós em colaboração com outras confissões religiosas, nomeadamente a Igreja Católica e as Comunidades Islâmicas dessas áreas.
Importa referir que o diálogo e a cooperação inter-religiosa não exige que haja uma transigência em termos de doutrina. Apesar de reconhecermos que somos independentes uns dos outros e que temos diferenças doutrinárias, este facto não nos têm impedido de fazermos parcerias com outras igrejas e credos em projectos de ajuda e de caridade.
As pessoas que estão de boa-fé não precisam de ter exactamente as mesmas crenças para que possam alcançar grandes coisas ao serviço dos seus semelhantes. Mas precisam de se unir para perseverar a maior das liberdades: a liberdade religiosa.
Todos os estudos independentes mostram que as nações que incentivaram a liberdade religiosa testemunharam os seus efeitos positivos na sociedade. É reconhecido que a religião confere benefícios que são vitais, incluindo a harmonia e a estabilidade, para as sociedades que a promovem.
Há alguns dias atrás o Sr. Procurador Geral da República afirmava que a crise não pode ser uma desculpa para abandonarmos os valores e ideiais que devemos viver. Como membros da Igreja e seguidores de Jesus Cristo afirmamos inequívocamente que estes valores estão presentes nas nossas vidas a cada momento e são fonte de consolo, ânimo e esperança - valores que a sociedade precisa deseperadamente de começar a viver.
(Adaptado do discurso proferido no dia 4 de Fevereiro de 2012).