20200617_102055_Nilsson_DSCF1074-1024x683-1.jpg
Notícia

Élder Bednar: A pandemia de COVID-19 é uma oportunidade para ‘reafirmar e apoiar’ a liberdade religiosa

Apóstolo da Igreja apresentou oportunidades essenciais para “reafirmar” e “apoiar” a liberdade religiosa.

Este artigo é uma cortesia do TheChurchNews.com. Não deve ser usado por outros meios de comunicação.
Por Jason Swensen, Church News
 

Falando na quarta-feira, 17 de junho, dia de abertura do Simpósio Anual de Liberdade Religiosa da Universidade Brigham Young, o Élder David A. Bednar, membro do Quórum dos Doze Apóstolos, disse que a atual pandemia apresentou oportunidades essenciais para “reafirmar” e “apoiar” a liberdade religiosa.

Élder Bednar começou sua mensagem de abertura contando a parábola encontrada no Novo Testamento sobre o filho pródigo, que “desperdiçou os seus bens vivendo dissolutamente”, se perdeu e, posteriormente, encontrou o caminho de casa voltando para seu amado pai. (Lucas 15:11-32).  Dois aspetos-chave da experiência deste jovem foram destacados pelo Élder Bednar — o filho “começou a padecer necessidades” quando uma grande fome surgiu na terra, e o despertar do jovem o levou a “tornar a si”.

“Nos últimos meses, nosso mundo aparentemente esteve repleto de fortes ‘chamados de despertar’”, disse o Élder Bednar. “De desastres naturais a uma pandemia mortal que varre o mundo, à praga social mais perniciosa que existe, o racismo, somos lembrados diariamente de que precisamos despertar para os tempos perigosos que nos cercam, tornarmo-nos a nós mesmos, despertar e nos voltar para nosso Pai Divino, que deseja nos instruir e nos edificar por meio de nossas provações.”

Intitulada “Religião e Liberdade Religiosa na Era da COVID-19: Encontrar Comunidade e Esperança”, o encontro anual da BYU é, sem nenhuma surpresa, realizado virtualmente em 2020.

O evento de três dias deste ano reúne políticos, intelectuais e líderes religiosos reconhecidos nacionalmente para discutir o papel da religião e da liberdade religiosa nos Estados Unidos. 

A conferência é patrocinada pelo Centro Internacional de Estudos de Direito e Religião da Faculdade de Direito J. Reuben Clark da BYU. Outros palestrantes que participam do Simpósio Anual de Liberdade Religiosa da BYU 2020 incluem o ex-governador de Utah e ex-secretário de Saúde e Serviços Humanos, Michael O. Leavitt, o senador americano Mike Lee, de Utah, a alta-comissária das Nações Unidas para assuntos de Emprego em Saúde e Crescimento Econômico, Alaa Murabit, e a senadora americana Kyrsten Sinema, do Arizona.

 As restrições impostas pela COVID-19 podem ser bênçãos

Assim como uma crise ofereceu um ponto crucial para o filho pródigo, a pandemia pode ajudar a percebermos coisas que antes não eram totalmente compreendidas.

Élder Bednar falou de uma visita de mestre familiar feita há vários anos com um de seus companheiros seniores de apostolado, o Élder Robert D. Hales, que estava se recuperando de uma doença grave. O jovem apóstolo perguntou a seu amigo que lições ele tinha aprendido com o avanço da idade e diminuição da capacidade física.

Élder Hales respondeu: “Quando não se pode fazer o que sempre fizemos, passamos a fazer somente o que mais importa.” 

As limitações por causa do avanço da idade de Élder Hales se tornaram fontes de aprendizado espiritual e discernimento, observou o Élder Bednar. As restrições físicas expandiram sua visão. A resistência limitada deixou mais claro quais eram suas prioridades. A incapacidade de fazer muitas coisas direcionou seu foco para algumas de maior importância. 

“As restrições e limitações podem ser bênçãos maravilhosas, se tivermos olhos para ver e ouvidos para ouvir”, disse o Élder Bednar. “E esta mesma verdade se aplica a todos nós hoje, enquanto lutamos contra os efeitos de uma pandemia.”

COVID-19 e liberdade religiosa

A atual pandemia também aguça o foco na liberdade religiosa e seu precioso e frágil lugar na lei, na nação e na vida pessoal, disse o Élder Bednar. “Esta crise atual pode muito bem ser um momento em que ‘nos tornamos a nós mesmos’ e percebemos… quão preciosa e frágil é a liberdade religiosa.”

Uma das principais constatações é que, para a maioria das comunidades religiosas, a reunião para adoração não é meramente uma atividade social agradável — é uma parte essencial da vida.

Élder Bednar enfatizou que a reunião é um elemento poderoso na doutrina de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias.  Uma das missões centrais da Igreja é reunir a família de Abraão para as ordenanças e convênios do evangelho, acrescentou. Esta visão de reunião nos motiva a procurar estabelecer um povo “uno de coração e vontade”, disse ele, e até inspirou a construção de templos sagrados onde, por meio de ordenanças sagradas e convênios, as famílias ficam juntas para sempre.

A reunião, declarou Élder Bednar, está no centro da fé e da religião. Outras comunidades religiosas se reúnem para missas, batizados, confirmações, sermões e outros fins religiosos. “E pelo fato das reuniões estarem no cerne da religião, o direito de se reunir está no cerne da liberdade religiosa”, disse.

“É vital que reconheçamos que as amplas restrições governamentais impostas para as reuniões religiosas no início da crise de COVID-19, realmente foram extraordinárias. No que pareceu ser um instante, a maioria dos governos ocidentais e muitos outros, simplesmente proibiram a adoração comunitária. Tais restrições eliminaram as celebrações públicas de Páscoa, Pessach, Ramadã e de outros dias sagrados pelo mundo. 

“Nenhum outro evento em nossa vida — e talvez nenhum outro evento desde a fundação desta nação — causou este tipo de interrupção generalizada de encontros religiosos e de adoração.”

Os governos têm o dever de proteger a saúde e a segurança pública, afirmou o Élder Bednar — acrescentando sua crença de que os líderes governamentais têm procurado, na maioria das vezes, fazer o que é certo para proteger a população do vírus.

“Mas não podemos negar, e não devemos esquecer, a velocidade e intensidade com que o poder do governo foi usado para suspender aspetos fundamentais do exercício religioso. Estas decisões e regulamentos foram sem precedentes. Por quase dois meses, os americanos, e muitos outros povos no mundo livre, aprenderam em primeira mão o que significa para o governo proibir diretamente o livre exercício da religião.”

Élder Bednar então compartilhou algumas reflexões pessoais sobre a liberdade religiosa motivadas pela crise atual:

Primeira reflexão: O poder do governo nunca pode ser ilimitado

Os “poderes justos” do governo têm um papel na promoção de um ambiente moral no qual as pessoas possam levar uma vida boa e honrosa. “Nós, o povo, jamais devemos permitir que [os líderes cívicos] esqueçam que seus gabinetes e poderes existem para garantir nossas liberdades fundamentais e as condições para exercer tais liberdades”, disse ele.

Assim, apesar da necessidade de uma resposta adequada à COVID-19, “não devemos nos acostumar com afirmações abrangentes do poder governamental. Uma emergência como a COVID-19 justifica uma forte medida para proteger a população, ensinou o Élder Bednar, mas medidas de afirmações extraordinárias do poder governamental podem restringir drasticamente nossas liberdades básicas. O poder do governo deve ter limites.

Segunda reflexão: A liberdade religiosa é primordial entre os direitos fundamentais de uma nação

“A liberdade religiosa foi chamada adequadamente de nossa primeira liberdade”, disse. “Está em primeiro lugar, não apenas por sua colocação como o primeiro direito na Primeira Emenda, mas também pela importância primordial de se respeitar o arbítrio moral de cada pessoa.

“Viver, mesmo que por algumas semanas, sob as restrições às atividades religiosas impostas pela COVID-19 é um duro lembrete de que nada é mais precioso para as pessoas de fé do que a liberdade de ‘adorar a Deus Todo-Poderoso, de acordo com os ditames de nossa própria consciência’ e viver aberta e livremente, de acordo com nossas convicções.”

A liberdade religiosa, acrescentou, faz parte da base da Constituição dos Estados Unidos — tanto a retirada quanto o reforço de outros direitos protegidos pela Primeira Emenda, como a liberdade de expressão, a liberdade de imprensa, a liberdade de se reunir e o direito de peticionar ao governo para corrigir as queixas.

Também salvaguarda o direito de pensar por si mesmo, alimenta famílias fortes e assegura o espaço “necessário para viver com fé, integridade e devoção.”

Nada que o governo faz, observou o Élder Bednar, “é mais importante do que promover as condições em que a religião possa florescer.”

Terceira reflexão: A liberdade religiosa é frágil

Conforme as recentes paralisações demonstraram, a liberdade religiosa “pode rapidamente ser colocada de lado”, em nome da proteção de outros interesses sociais, disse o Élder Bednar.

“Apesar dos riscos da COVID-19, as jurisdições norte-americanas declararam como ‘essenciais’ numerosos serviços relacionados ao álcool, aos animais, à maconha e outras preocupações. Mas, muitas vezes, organizações religiosas e seus serviços foram simplesmente considerados ‘não essenciais’, mesmo quando suas atividades poderiam ser conduzidas com segurança. 

“Em nome da proteção à saúde física e segurança, ou avanços em outros valores sociais, o governo muitas vezes agiu sem levar em conta a importância de se proteger a saúde espiritual e a segurança. Muitas vezes pareceu esquecer que, garantir a liberdade religiosa é tão vital quanto a saúde física.”

Quarta reflexão: Em tempos de crise, é necessário ter sensibilidade para equilibrar as demandas da liberdade religiosa com os justos interesses da sociedade 

“Não podemos mais ignorar as reivindicações válidas de liberdade religiosa em um momento de crise, do que podemos desconsiderar as reivindicações válidas de liberdade de expressão, liberdade de imprensa ou liberdade de buscas e apreensões irracionais”, enfatizou o Élder Bednar.  
“Nem devemos priorizar interesses seculares acima dos religiosos. Uma crise de saúde não deve se tornar uma desculpa para uma crise de liberdade religiosa.”

A religião, acrescentou, não deve ser tratada de forma menos favorável do que atividades seculares análogas. “Proteger a saúde física de uma pessoa contra o coronavírus é, naturalmente, importante, como também é proteger sua saúde espiritual.”

Os políticos devem limitar o exercício da religião, apenas quando for realmente necessário preservar a saúde e a segurança pública. “Com boa vontade e um pouco de criatividade, quase sempre podem ser encontradas formas de atender às necessidades da sociedade e à obrigação de se proteger a liberdade religiosa.”

Durante crises, como a pandemia de COVID-19, os crentes e suas organizações religiosas devem ser bons cidadãos — mas não podemos “permitir que os líderes do governo” tratem o exercício da religião como simplesmente “não essencial”, declarou o apóstolo santo dos últimos dias.  Nunca mais, acrescentou, “o direito fundamental de adorar a Deus deve ser banalizado, até mesmo abaixo da capacidade de se comprar gasolina.”

Élder Bednar concluiu observando que, em “nosso desejo compreensível de combater a COVID-19”, a sociedade “pode ter esquecido algo” sobre o que é mais precioso. 

“Talvez não tenhamos lembrado plenamente que a fé e o direito de exercê-la sejam centrais para nossa identidade como crentes e para tudo o que consideramos bom, certo e digno de proteção”, disse. “Agora é a hora de prestarmos atenção ao chamado de despertar, lembrar e agir.”

Direitos de autor 2020 Deseret News Publishing Company

Observação do Guia de Estilo: Em notícias sobre A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, pedimos que use o nome completo da Igreja na primeira referência. Para mais informações quanto ao uso do nome, aceda ao Guia de Estilo.